Por Gabriel Santelli
Neste blog começamos, meio que naturalmente, um pequeno observatório da violência policial praticada contra movimentos sociais no Distrito Federal. Tudo começou quando nós mesmos estivemos em contato direto com essa violência nos diversos protestos que começaram no ano passado pedindo a saída e a devida punição aos corruptos encastelados no poder sob o mando de Arruda no Governo local. Naquele dia ficamos chocados com o nível da violência policial com a utilização de blindados do BOPE, cavalos e cachorros, bombas e tiros de “efeito moral” — que, como pudemos sentir na pele, não machucam apenas nossa moral — culminando em uma cena tragicômica em que um militante do movimento era atirado no chão em um golpe meio desastrado do próprio comandante da operação, o Coronel Silva Filho.
A batalha do Buriti, como ficou conhecida, pudemos ver aqui no blog através das escandalosas fotos dos diversos ataques.
Logo depois Gustavo Capela denunciou aqui no blog: Polícia Militar: Covardia Institucionalizada . O Professor Cristiano Paixão também escreveu brilhantemente sobre o fato em Dilema da Ação Política.
Não adiantou. Após a renúncia e a prisão de Arruda, quando elegeriam indiretamente na corrupta Câmara Legislativa do Distrito Federal o novo Governador do DF, o Movimento Fora Arruda e Toda a Máfia organizou um protesto em frente à Câmara. A reação da polícia novamente foi inacreditável em qualquer Estado que se queira minimamente democrático. Novamente expusemos aqui os fatos ocorridos. Publicamos tambem o relato da tortura sofrida pelo militante do movimento, Diogo Ramalho.
Mas não só a violência policial ocorrida no Distrito Federal acompanhamos por aqui. Recentemente Danniel Gobbi postou aqui vídeos chocantes da violência policial contra três protestos diferentes ocorridos em Santa Catarina.
Obviamente não tivemos a oportunidade de cobrir aqui outros diversos eventos, como a violência policial contra os manifestantes indígenas acampados na Esplanada, ou o despejo ilegal de manifestantes Sem Teto em Brazlândia, e tantos outros.
Na semana passada nos deparamos com essas imagens:
Nesse vídeo podemos ver o momento exato [1:50] em que um participante da Parada Gay de Taguatinga se aproxima dos veículos da Polícia Militar para identificar quais eram os carros que acompanhavam o evento e os policiais que haviam supostamente agredido alguns dos participantes. Quando os policiais militares percebem que estão sendo fotografados perseguem o manifestante, prendem ele pelo pescoço e ainda dizem, ironicamente, “volta até o carro, vamos só conversar” enquanto o impedem de respirar, até que ele cai no chão desmaiado.
Quando outro policial vê um jornalista com a câmera [2:25] , ele diz: “Escuta aqui o que eu vou te falar, você vai apagar essas fotos que você tirou”. O jornalista, intimidado, apaga as fotos e o policial ainda pede para mostrar os arquivos do primeiro ao último, para se certificar de que nada daquela ação policial foi registrada.
Agora quero fazer as seguintes perguntas: com essas condições de segurança, como nós podemos exercer nosso livre direito de nos manifestar? A participação política, o interesse da população por temas de interesse social e nacional, não é afetada por essa constante repressão do Estado contra a sociedade? Onde estão os responsáveis por essas ações ilegais? Onde estão os agentes do Estado que deveriam nos proteger dessas ações?
Devemos nos manter vigilantes para denunciar e dar visibilidade a essas ações. O nosso Blog está aberto para as denúncias necessárias.