B&D: tomando partido

Tome Partido

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O B&D, como qualquer grupo político que vive, que pulsa, define-se a partir de disputas. E disputas que se verificam na realidade. Na realidade das instituições e, principalmente, na realidade das lutas fora dela.

O B&D, por isso, é um grupo que, desde sua gênese, não tem medo de ser taxado pelo que faz. O B&D é um grupo mais preocupado com aquilo que deixa de fazer. Num momento histórico onde a apatia é regra e onde a politica é mais tida como politicagem do que como uma disputa por rumos e projetos de sociedade, portanto, não fazer algo é se dar por derrotado, é deixar as coisas como estão, é, acima de tudo, conservar. O B&D, nesse contexto, não tem o luxo de não se posicionar.

Ao longo dos anos, evoluímos muito enquanto organização política, mas mais ainda enquanto coletivo de pessoas. Começamos como um grupo de estudantes que queria “pensar” os problemas do Brasil, colhemos reconhecimento por meio de nossas intervenções criativas e hoje nos entendemos parte de um processo de mudança que já pulsa internacionalmente. Demorou, mas hoje, o B&D é um grupo, acima de tudo, militante.

Afinal, somos um grupo que acredita em revolução. Revolução enquanto processo diário e constante. Revolução que precisa de construções alternativas e contra-hegemônicas. Revolução que não foi escrita nem descrita em qualquer livro, mas que exige de nós, enquanto militantes, conhecimento da história e das ferramentas teóricas que nos são apresentadas. Certo ou errado, nossas escolhas se pautam pela conexão com a teoria que se aprende na prática e pela prática capaz de inovar e renovar a teoria.

Tendo tudo isso em vista, para nós, a disputa partidária acontece dentro de um contexto mais geral de disputa social. Ela simboliza avanços ou retrocessos, já que, por vezes, dá primazia a alguns setores em detrimento de outros. Entendemos e reconhecemos, pois, que algumas alianças táticas são necessárias (quiçá indispensáveis) para alguns avanços, mas também condenamos e rechaçamos alianças que comprometam a estratégia geral de um novo projeto de sociedade.

Entendemos, assim: 1) que o financiamento anda junto com o projeto de sociedade defendido. Alianças para financiamento de campanha com empreiteiras, por exemplo, reforçam o setor privilegiado, dando a ele, nos momentos de tensionamento, a caneta decisória; 2) que alianças que beneficiam o agronegócio em esfera municipal, estadual e federal, em detrimento das lutas do campo, são contraditórias com um projeto alternativo de sociedade; 3) que o avanço econômico atual se dá dentro de um modelo desenvolvimentista e já delineado pelas democracias europeias e estadunidense no passado e, portanto, não modelam diferentemente, apenas seguem a trajetória imposta pelo capital, pela rota do dinheiro; 4) que os projetos sociais atuais não disputam politicamente a classe emergente, construindo verdadeiros mercados de consumo novos, na linha do que é desejável a um mundo em crise, mas sem a preocupação em formar questionadores do status quo e do modelo de sociedade. Nossas escolas públicas continuam jogadas ao lixo enquanto estádios de futebol são erguidos à base da precarização do trabalho. Isso não é, para nós, avanço social, pois o avanço que defendemos não se dá por aumento da renda, única e exclusivamente; 5) que o conservadorismo vem ganhando o debate público, pautando suas questões e impedindo avanços nas questões historicamente postas pelos movimentos sociais. Não discutimos, enquanto sociedade, questões básicas como aborto e fomos “resgatados” por uma agenda liberal no que diz respeito ao casamento homossexual; 6) que nossas instituições são incapazes de realmente inovar, dando espaço cada vez mais amplo à burocratização e à tecnocracia, em vez de dar voz à criatividade daqueles que não foram doutrinados pela maneira “única” de se portar: os outsiders.

Por fim, entendemos que um símbolo de criatividade e inovação, de questionamento e de indignação, tem, mesmo que em baixo grau e em pouca intensidade, se fortalecido. Clamando por novos adeptos, reforçando a necessidade de articulação regional e internacional para uma verdadeira reviravolta.

Não seria justo, pois, deixarmos essa construção acontecer sem nos engajarmos nela. Não seria correto enxergarmos de longe mais essa luta,  mais essa disputa, sem nos posicionarmos. Não seria revolucionário olharmos de longe e bradar apoios sem nos inserirmos de cara. Não tomar partido não seria, afinal, B&D. Porque para nós, uma organização política morre quando ela deixa de desejar, em seu núcleo de atuação, uma transformação real da sociedade.

Por todo o exposto, comunicamos o que, principalmente para quem luta conosco todos os dias, já parecia claro: O B&D decide, a partir de hoje, ser um grupo que constrói e organicamente disputa o PSOL. Não só o PSOL-DF, mas todo o projeto de sociedade que esse Partido representa. Brasil afora.

É na convicção de que todo passo é uma escolha política necessária, que assim decidimos. E é na honestidade de quem quer concretizar sonhos, ou de morrer tentando, que nos engajamos.

14 respostas em “B&D: tomando partido

  1. Uma dúvida sobre o ponto 1:

    Vocês dizem que: “1) que o financiamento anda junto com o projeto de sociedade defendido. Alianças para financiamento de campanha com empreiteiras, por exemplo, reforçam o setor privilegiado, dando a ele, nos momentos de tensionamento, a caneta decisória”

    Concordo plenamente, e gostaria de saber o que vocês pensam a respeito, por exemplo, da doação de R$ 120.000,00 pela empreiteira “Victor Hugo Demolições” para a campanha do Marcelo Freixo na eleição de 2012? O valor representa mais de 11% do total da arrecadação do candidato.

    (A mesma empresa doou R$ 20.000,00 reais para candidatura do hoje vereador no Rio Eliomar (PSol) e R$ 6.000,00 para a suplente de vereadora em São João do Meriti-RJ Tia Rita (PSB).

    Na mesma campanha para a prefeitura o candidato recebeu R$ 201.000,00 (mais de 19% do total de R$ 1.039.561,22 arrecadado pela campanha) do empresário Guilherme Leal, dono da Natura. Este não é um empreiteiro, mas não deixa de ser um dos grandes próceres do empresariado nacional.

    (Fonte: TSE: http://inter01.tse.jus.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2012)

    Foco na campanha do Marcelo Freixo, com a qual sei que simpatizaram, mas há problemas em outros lugares, como no Rio Grande do Sul, onde Luciana Genro recebeu R$ 100.000,00 da Gerdau em sua candidatura à prefeita de Porto Alegre em 2008. Sobre esta campanha inclusive eu sempre ouço dizer que houve uma autocrítica, só que eu nunca vi autocrítica nenhuma sobre o ocorrido. Luciana Genro essa que juntamente com sua tendência (MES) se apresenta como ala esquerda do PSol contra Randolfe e companhia.

    Enfim, reitero a pergunta, gostaria de saber o que pensam a respeito dessas doações.

    • Yuri,

      Como você deve conhecer um pouco as posições internas do PSOL, deve saber que muitos defendem que o PSOL só aceite doações de pessoas físicas e com teto de doações. Foi assim na campanha em Fortaleza, Niterói, Belo Horizonte, São Paulo, Florianópolis….

      E concordo com o que a carta “Tome Partido” defende, por isso, o estatuto do PSOL deveria ser ainda mais restritivo ao financiamento privado.

      Particularmente, acho ruim que na campanha do Freixo tenha ocorrido uma doação de pessoa jurídica (e outra de pessoa física a cima do razoável). Por outro lado foi uma campanha com tantos elementos positivos (a convocação militante, o conteúdo programático, a ousadia, a construção coletiva, a coragem de enfrentar temas polêmicos… que o balanço só pode ser positivo (ainda mais se compararmos com os caminhos trilhados pelo PT na cidade).

      Qualquer partido de esquerda amplo comportará diferenças no seu interior. A diferença é quais partidos ainda resguardam espaços de disputa de posições. E uma coisa não dá para negar, depois de 3 Congressos Nacionais do PSOL: no partido ainda há muito espaço para mudanças de posição

      Abração

  2. Gostei muito do texto, um estilo forte, ousado, bem próprio de quem é criativo, como todo o revolucionário, estilo sem conteúdo é retórica vazia e assino embaixo na linha que vocês propõem, mesmo não nos conhecendo, acho que somos parecidos, pois escolhemos o mesmo caminho, sou militante do PSOL e acho que este é o lugar de vocês mesmo. Aqui há contradições, sem dúvida, e quem espera achar um lugar puro? Disputamos e construímos juntos! Sejam bem vindos Compas!

  3. Parabéns pela decisão de ingressar ao PSOL e pelo ousado documento, valorizando, sobretudo, a discussão sobre o nosso país a começa pelo nome “Brasil e Desenvolvimento”. Do Rio vou continuar acompanhando e torcendo para que o projeto de trazer para o PSOL a necessidade de se discutir um programa nacional de intervenção política.

  4. Parabéns ao PSOL que terá esses valiosos companheiros ajudando na árdua tarefa de construir um partido, processo sempre contraditório! Parabéns ao B & D por criar para si a oportunidade de ampliar o alcance do seu discurso e ação! Sorte aos companheiros!

  5. Pingback: Tome Partido e…dance com gente! | Brasil e Desenvolvimento

  6. Companheiros milito no PSOL do Rio de Janeiro desde sua fundação e gostei muito da carta de vocês, parabéns pela decisão de entrar no PSOL, porém tenho algumas dúvidas após ler a carta, o que significa B&D, qual é seu historico e quantas pessoas assinam esta carta, quem são elas? abraços Luciano da Silva Barboza Historador e Mestre em Planejamento Urbano

  7. FALTA QUALIDADE INTELECTUAL PRA VCS. INFELIZMENTE É ESSA A QUESTÃO. A JUVENTUDE TEM DESSAS COISAS…UM DIA VCS IRÃO CRESCER (OU NÃO)

  8. Pingback: Tomamos partido. Somos PSOL. | Da Planície

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